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Pandemia cria desafios e novas oportunidades para o tratamento de pacientes com transtorno...

Atualizado: 22 de jan. de 2021


Pandemia cria desafios e novas oportunidades para o tratamento de pacientes com transtorno por uso de substâncias.


crédito imagem:iStock/miodrag ignjatovic



Com o advento da nova pandemia de COVID-19 e o consequente isolamento social no início deste ano, inevitavelmente, surgem preocupações àqueles que padecem do Transtorno por Uso de Substâncias (TUS), entretanto, a atual conjuntura abre também um novo horizonte de novas oportunidades de tratamentos, assim que a epidemia terminar

Indivíduos que apresentam Transtorno por uso de Substâncias que fumam (crack, maconha, tabaco), provavelmente são mais vulneráveis ao coronavírus, que causa o COVID-19 e suas consequentes complicações respiratórias. Além disso, o fato do lockdown ter interrompido ou limitado as reuniões de grupo presenciais e outros sistemas de apoio social para pessoas com TUS e a dificuldade para obtenção de medicamentos, potencialmente colocam os pacientes em recuperação em um maior risco de recaída.


Apesar disso, tanto no Brasil, como em outros países, programas de tratamento ambulatorial desenvolveram protocolos de segurança durante esse período: A maioria permanece aberta, com algumas adaptações, como o teste COVID-19 de novos pacientes e o distanciamento social de todos os participantes. Muitos programas ambulatoriais mudaram para plataformas virtuais, como o Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA), com algum sucesso.


Algumas mudanças nas legislações de outros países, como os EUA facilitaram as condições no atendimento ambulatorial para pacientes usuários de substâncias e podem servir de modelo positivo para demais países do mundo: Órgãos reguladores responsáveis pelo tratamentos destes pacientes emitiram orientações que permitem que pacientes estáveis, que recebam tratamento medicamentoso para transtorno de uso de opióides, levem para casa, um suprimento de seus medicamentos por 28 dias (pacientes mais graves podem receber até 14 dias da medicação), além da abolição de penalização inicial ao uso de plataformas digitais, como Skype e FaceTime, para consultas de telemedicina, frente emergência COVID-19.

Apesar destas mudanças se mostrarem benéficas é sempre necessário usar nosso melhor julgamento sobre prescrever ou não à distância, uma vez que relação risco-benefício realmente mudou durante a pandemia e não se baseia em nenhum dado comprovante.


Tecnologia facilitam a condução de pacientes com TUD:

Apesar dos muitos desafios, a tecnologia está se mostrando extremamente útil no mundo do tratamento de TUD. As pessoas estão ingressando nestes grupos de apoio e psicoterapia, por telemedicina, que normalmente não se juntariam. O lado positivo é que os pacientes relatam o quanto isso é útil, não precisam dirigir até o local onde realizava o atendimento, estranham um pouco o fato de olhar na tela do computador ou no meu telefone, mas estão recebendo ajuda. Uma pandemia como essa talvez traga à tona que os pacientes que podem ter sido relutantes em falar sobre seu distúrbio de dependência.

Talvez esta situação atual, o qual todos estamos vivenciando, está considerando a telemedicina como uma indústria, auxiliando a estender o tratamento de dependência de maneira significativa, muito tempo depois que o COVID-19 acabar.

Outro tipo de tecnologia que pode auxiliar no tratamento é um dispensador eletrônico automatizado de comprimidos chamado MedMinder: Ao invés deliberar uma grande quantidade de comprimidos para pacientes os quais o médico assistente não possui muita confiança na estabilidade dos seus quadros clínicos atuais, podendo carregar essas doses em um dispensador de comprimidos que libera todos os dias, uma dose de cada vez, a uma hora do dia pré-programada, aliando métodos de assistência e segurança ao paciente.


Outros novos recursos:

Desde início da pandemia, é normal que novos casos surjam e necessitem de tratamento para o Transtorno por Uso de Substâncias. Na tentativa de auxiliar o médico não especialista na área, foram criados sites como “Providers Clinical Support System” e “ASAM COVID-19 Resources”, que auxiliam no manejo, treinamento e recursos baseados em evidências para o tratamento de transtornos por uso de opióides, além do “APA Practice Guidance for COVID-19”, sendo este último o Guia prático desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) contendo informações sobre como trabalhar com pacientes com transtornos por uso de substâncias.

Dessa forma, é estimado que a pandemia trouxe, possivelmente, uma maior incidência de fatores estressores que podem desencadear o uso ou desestabilizar o quadro clínico de pacientes portadores de Transtorno por uso de substâncias que estavam abstêmios anteriormente. Na tentativa de se frear esta preocupação, o uso de tecnologias e estratégias que facilitem a abordagem do paciente e auxilie em sua escuta, possa fazer com que estes se abram sobre o que os está incomodando. Dependência e uso abusivo de substâncias psicoativas são doenças que convivem com segredo e vergonha, se conseguirmos eliminar isso, faremos com que o maior número de pacientes acessem os serviços necessários.




Tradução e adaptação: Dr. Matheus Cheibub

https://psychnews.psychiatryonline.org/doi/10.1176/appi.pn.2020.5b28#.XvNoftJY53E.email

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