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Comediante e alcoólatra: Documentário sobre Pat Morita desconstrói mito de Miyagi

Crédito Imagem: Divulgação/Columbia Pictures.


Conhecido por interpretar Sr. Miyagi na franquia Karatê Kid, Pat Morita (1932-2005) sempre teve a sua imagem relacionada ao sensei calmo e bondoso que lhe rendeu uma indicação ao Oscar pelo primeiro filme. O que poucos fãs sabem é que o ator começou a sua carreira como comediante e terminou sofrendo com o terror do alcoolismo.


Disponível nas plataformas digitais desde sexta-feira (5), o documentário More Than Miyagi: The Pat Morita Story (Mais do que Miyagi: A História de Pat Morita, em tradução livre) relembra a vida do ator norte-americano com ascendência japonesa e descontrói o mito de "bom-moço" que representa o mestre de Karatê Kid.


Com muitos anos de carreira no entretenimento, o astro colecionou diversos amigos ao longo da vida. O documentário conta com depoimentos de familiares, ex-colegas de TV e seus companheiros de Karatê Kid: Ralph Macchio (Daniel), William Zabka (Johnny) e Martin Kove (John Kreese), trio que continua honrando o legado da franquia na série Cobra Kai.


Do início como comediante em clubes de stand-up da Califórnia ao sucesso como Sr. Miyagi, Morita sempre teve outra paixão que o atrapalhou durante toda a sua vida. Sua relação com o álcool sempre foi abusiva, o que ajudou a enterrar sua carreira, já nos anos 1990. No longa, um amigo descreve Morita em seus anos finais como "inimpregável" --alguém a quem não se pode sequer oferecer um emprego.

Filho de imigrantes japoneses e nascido em São Francisco, nos Estados Unidos, Pat, que na verdade se chamava Noriyuki Morita, teve uma infância bastante difícil. Aos dois anos, ele foi diagnosticado com uma doença séria chamada tuberculose vertebral, também citada pelos médicos como mal de Pott. por conta disso, ele perdeu o movimento das pernas e ficou incapaz de andar.


Até completar 11 anos, Pat viveu entre sua casa e hospitais, sempre aos cuidados das enfermeiras e familiares. Ele só foi recuperar totalmente seus movimentos após passar por uma cirurgia na coluna, resultado de um tratamento ainda experimental, mas que acabou funcionando.


Mesmo voltando a andar, seu sofrimento não acabou após a cirurgia. Em 1944, os Estados Unidos estavam no meio do combate da Segunda Guerra Mundial (1938-1945). No país, os japoneses foram levados para campos de concentração (ou internação, como chamava o governo), e lá ficaram até o fim do confronto.O período teve forte influência em Morita, que carregou cicatrizes psicológicas por toda a sua vida.


Aos 20 anos, o intérprete de Miyagi tinha o sonho de se formar médico na faculdade, mas não pôde fazer o curso pelas dificuldades financeiras enfrentadas por sua família. Assim como explica o ator durante a narração do longa, os japoneses têm laços muito fortes com os pais, que não os permitem dizer "não" a eles. Por conta disso, ele ficou na cidade para trabalhar no restaurante de comida chinesa de seu pai.


Foi na tentativa de mudar de vida que Morita virou os olhos para o showbiz. Aos 30, ele decidiu se arriscar na vida de comediante e estabeleceu um limite: se em até cinco anos não chegasse ao topo, iria desistir. Seu talento e sua veia cômica falaram mais alto, e em quatro ele já estava se apresentando na TV.


DIVULGAÇÃO/LOVE PROJECT FILMS.

Hilary Swank ao lado de Pat Morita


Aos poucos, sua carreira foi dando passos ainda maiores, com participações especiais em séries de TV como MASH (1972-1983) e Sanford and Son (1972-1977). Mas foi apenas em Happy Days (1974-1984), na qual interpretou o dono de restaurante Matsuo "Arnold" Takahashi, que ele ganhou ares de estrela. Atuando na que é considerada uma das maiores sitcoms dos EUA, Morita viu seu nome ser colocado ao lado dos astros da atração, como Henry Winkler e Ron Howard. O sucesso foi tanto que o ator acabou convidado para estrelar sua própria série, Mr. T and Tina (1976), que não passou dos poucos episódios de sua primeira temporada.


A saída de Happy Days e o preconceito da indústria em dar papéis de protagonistas a atores asiáticos, além do estereótipo preconceituoso da TV norte-americana nas décadas de 1970, 1980 e 1990, fizeram o ator cair no esquecimento, sendo lembrado apenas para comerciais e pequenas participações.


Vivendo no Havaí, Morita já estava desistindo de continuar tentando quando surgiu a oportunidade que mudou a sua vida. Em 1983, seu agente o chamou para fazer um teste para um filme com uma trama aparentemente boba: um veterano de guerra japonês decide ensinar artes marciais a um garoto norte-americano com ensinamentos peculiares. Surgia ali Karatê Kid (1984), um dos grandes sucessos da história do cinema.


No início, o produtor Jerry Weintraub não queria "o Arnold de Happy Days" em seu filme. Dizia que Morita não tinha o que era preciso para interpretar Sr. Miyagi. Alguns testes depois e um pedido de desculpas feito pessoalmente sacramentaram o ator como parte do elenco.


O documentário mostra cenas da preparação de Morita e Ralph Macchio para o filme, as aulas para aprender caratê e a criação do sotaque de Miyagi --apesar de descendente, o ator não falava uma palavra de japonês. Nascia assim o icônico sensei de Daniel LaRusso.


More Than Miyagi celebra a vida de Pat Morita e suas conquistas inovadoras, mas não o exalta. Ele era amado, respeitado e talentoso, mas certamente tinha falhas.


Dirigido por Kevin Derek, declaradamente fã do ator, o documentário não tem o objetivo de derrubar o mito de Miyagi, mas assim o faz, sem deixar de exaltar a pessoa, o comediante e, de certa forma, o sensei que Morita foi.



Fonte: https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/filmes-na-tv/comediante-e-alcoolatra-documentario-sobre-pat-morita-desconstroi-mito-de-miyagi-50812?cpid=txt



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